Catadores de Cáceres formalizam Associação e avançam no processo
Quando Maria Josane se separou do pai de seus dois filhos acabou indo parar numa chácara nos arredores de Cáceres (MT) que pertencia a Autarquia Águas do Pantanal. Em princípio era apenas para cuidar da propriedade. No entanto quando catadores de reciclagem passaram a usar a chácara ela, no dia a dia, passou a conviver com o trabalho de coleta de recicláveis. Três anos depois ela já conhecia os processos da separação de resíduos e se transformou na administradora do espaço para retirar a imensa quantidade de material depositado ali.
Com o tempo conheceu os processos de separação e venda de recicláveis e passou da informalidade à montagem de uma Associação de Catadores. Hoje ela é presidente da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Cáceres (ASCARC-MT), que formalizou sua relação de trabalho, e cuida para que a documentação esteja em dia para, inclusive, ter acesso ao mercado de carbono e outras entidades que começam a entender a importância do trabalho da Associação.
O resultado é que hoje o grupo de catadores, além de trabalharem formalmente e passarem por um processo de inclusão social, veem os investimentos fortalecer a Associação. Recentemente agregaram ao seu processo produtivo uma empilhadeira, dois caminhões para coleta domiciliar e até uma esteira, para carregar os resíduos até o caminhão. Antes isso era feito manualmente.
Com o novo processo, além do crescimento físico da associação, os 17 associados são referência na cidade e contam com o apoio da comunidade que entendeu a necessidade de ter uma cidade limpa. Com três caminhões eles percorrem Cáceres, inclusive levando a ideia da separação de lixo em material seco e úmido, para poderem fazer a compostagem do material orgânico.
Até mesmo o vidro é coletado. Garrafas são entregues nas distribuidoras, num processo de logística reversa e o vidro quebrado é triturado para servir de insumo à construção civil. Os pneus a cada quinze dias são entregues para terceiros processarem. Papelão e plásticos também são vendidos, metais vão para empresas de sucata. A única coisa que vai para fora da cidade são os pneus e equipamentos eletrônicos, que necessitam de uma especialização maior para serem reciclados.
Com um ano de trabalho formalizado na associação, a expectativa dos trabalhos é o de crescimento. Josane anunciou que até o final do ano estarão com um barracão novo e um espaço adequado para a coleta de reciclagens.