Modelo de coleta de resíduos de Tangará da Serra aposta na solidariedade
Mesmo reconhecendo que a Economia Circular é uma das chaves no processo de destinação de resíduos sólidos, Tangará da Serra aposta que outras opções são a Economia Solidária e muita criatividade. Esta foi a principal mensagem do professor Sandro Sguarezzi, ao participar da webinar sobre Economia Circular, promovida pelo PERS (Plano Estadual de Resíduos Sólidos).
Sandro Squarezzi, professor da UNEMAT em Tangará da Serra, aposta nos resultados conseguidos com os coletores de lixo. Suas principais razões para desenvolver esta crença estão na COOPERTAN, que desde 2007 recebe apoio da Universidade e é apontada como o modelo para resolver, não apenas a destinação dos resíduos, mas também ações de geração de renda e inclusão social. Eles até se orgulham de não ter nenhum funcionário e do trabalho ser desenvolvido por 53 catadores, todos cooperados. Além de receber salário médio de R$ 1.500,00 mensais eles compartilham benefícios que vão desde empréstimos sem juros até o recebimento das sobras da cooperativa no final do ano.
Mas Sandro não está sozinho nesse processo. Alunos do curso de administração da Universidade fazem estágio e estudos na cooperativa e a cidade apoia e ajuda nos investimentos, para o desenvolvimento de políticas públicas definidas pelos catadores, num processo de autogestão. Como resultado a produção intelectual também se aprimora: o professor Sguarezzi comemora uma produção de 44 trabalhos já publicados como livros, teses, dissertações, artigos trabalhos de conclusão de curso. Além disso, o apoio se espalha pela própria Unemat, pela Prefeitura Municipal, pela Câmara dos Vereadores, Secretarias de Agricultura, Indústria e Comércio e pela própria população da cidade.
A maneira baseada na solidariedade que tende a coletar 100% dos resíduos da cidade inicia novos processos como a coleta do óleo de cozinha usado. Isto vai ampliar a Economia Circular, junto com o material comercializado pela venda de recicláveis e a produção de composto orgânico por meio de compostagem para o desenvolvimento de hortas urbanas.
A cooperativa que já passou por maus momentos no passado, com uma dívida de R$ 300 mil provocada pela má gestão, hoje sustenta um fundo de 100 mil reais que fica à disposição dos cooperados para empréstimo sem juros e até da cooperativa, como foi o caso da compra de um caminhão, quando o fundo financiou 40 mil reais para a entrada e ainda deu 6 meses de carência para o início do pagamento em 10 parcelas;
Aos poucos o processo também se regionaliza, abrangendo municípios vizinhos como Cáceres e Barra do Bugres, impulsionando a Educação Ambiental e estudos do Núcleo de Pesquisa, Extensão e Estudos da Complexidade no Mundo do Trabalho (NECOMT) e a Incubadora de Organizações Coletivas Autogeridas, Solidárias e Sustentáveis (IOCASS) além de projetos de pesquisa e extensão universitária e a Fundação Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho (UNITRABALHO).
O Plano de destinação dos resíduos sólidos está sendo elaborado pela UFMT em parceria com a SEMA, com recursos do Ministério do Meio Ambiente e da Secretaria de Meio Ambiente do Estado, com a participação da CAIXA, repassadora dos recursos de R$ 1.881.444,54, investidos na elaboração dos trabalhos.