Coleta seletiva deverá ser lei para os municípios
Após 15 anos de atividade, João Luiz não tem dúvidas: as cidades devem ter leis que tornem a coleta seletiva obrigatória, a partir da geração do resíduo. Só assim, na opinião dele, o Estado terá volume para não ter que exportar o lixo e, assim, processá-lo internamente na indústria local, ampliando a geração de renda e recolhendo mais impostos. João Luiz é o diretor-presidente da Canaã Norte, empresa que atende 19 municípios em MT e figura entre 10% das consideradas grandes no universo que reúne cerca de 200 empreendimentos que atuam no Estado.
Com a coleta seletiva o volume do trabalho dos catadores poderá aumentar e as empresas poderão até pensar no processamento interno do material aqui coletado. Isso fará com que haja maior renda para os catadores e para 90% das pequenas empresas, que funcionam geralmente com mão de obra familiar. “Quando comecei, fazia a catação de papelão pela manhã, e à tarde trabalhava na prensa. Hoje, a família do catador se envolve no processo, o marido vai atrás do resíduo, restando à mulher e filhos fazerem o trabalho de prensagem”, relatou.
Para ampliar seu negócio, João Luiz relata que até contratou advogados para instruir os catadores a se transformarem em associações ou a montar cooperativas. E até hoje cede máquinas para os parceiros processarem papelão, vidro, latinhas de cerveja.
Com o Plano Estadual de Saneamento Básico organizando o trabalho, o Estado poderá, inclusive, criar indústrias que processem o material recolhido pelos cerca de três mil catadores – o que rende em torno de R$ 10 milhões ao ano, informou. Com a obrigatoriedade dos municípios de implantarem a coleta seletiva, poderá haver uma regularidade da coleta seletiva. Atualmente, apenas 3% dos resíduos do Estado são coletados para a reciclagem e em sua maioria são os materiais mais valorizados, como garrafas PET e alumínio.