Falta de educação faz com que Cuiabá jogue milhões de reais no lixo
Cuiabá desperdiça mais de R$ 50 milhões por ano. Este é o montante que gira em um processo no qual a Prefeitura paga pela retirada dos resíduos domésticos e, ao invés de reciclar, enterra no lixão mais de 90% do material coletado. Um processo de educação ambiental poderia trocar o rejeito por matéria-prima reciclável, o lixo orgânico por adubo de compostagem e organizar empresas, cooperativas, associações e catadores, gerando emprego e renda.
A informação foi prestada por Jean Pelizari, da instituição Teoria Verde, logo na abertura da Sexta Webinar promovida pela Sema e pela equipe da UFMT que elabora o Pers (Plano Estadual de Resíduos Sólidos}. Para ele, que já proferiu, palestras para mais de 20 mil estudantes, nos dois últimos anos, a Educação Ambiental deveria se tornar obrigatória em todas as escolas de Mato Grosso. “Só assim o Estado faria com que o lixo deixasse de compor a paisagem junto com a natureza” e entraria em processo de economia circular, agregando o conceito do “berço ao berço” que marca a recuperação da matéria-prima utilizada.
Jean Pelizari teve que ir à África para enxergar o lixo. Ao desenvolver uma ação em Moçambique, a partir de 2014, percebeu que era cego para o lixo do Brasil. “Aconteceu um fenômeno que acontece com muitas pessoas e estava acontecendo comigo, o fenômeno da cegueira do lixo. Aqui, a gente não enxerga mais o lixo no chão da cidade, nos rios, já virou paisagem. Já ficou normal. Isso não é normal”, conclui. A partir desse ponto já realizou 109 ações de limpeza voluntária, retirando mais de 400 toneladas de lixo da natureza.
Depois das palestras e ações em Cuiabá, Várzea Grande, Barra do Garças, Diamantino, Santo Antônio do Leverger, Barão de Melgaço, Juína, São José dos Quatro Marcos e Sapezal, desenvolveu-se a crença de que o Plano Estadual dos Resíduos Sólidos precisa fortalecer o conceito lixo zero junto aos professores, de forma permanente, com a criação de um núcleo permanente de educação ambiental.
Jean Pelizari organiza, programando com a Teoria Verde, a Semana Lixo Zero, de 23 de outubro a 1 de novembro, em parceria com o Instituto Lixo Zero (ILZ). Com os municípios que participarem, pretende desenvolver temas como Escola Lixo Zero; Reciclagem e a Geração de Oportunidades; Tecnologias para o Gerenciamento de Resíduos Sólidos; Cidades Lixo Zero; Temática Sustentável na Cultura; Logística Reversa; Cidades Sustentáveis, Consumo Consciente; Redução, Reutilização, Reciclagem e Compostagem. Além de desenvolver ações para a sensibilização social e valorização de trabalhos, projetos, estudos e novidades tecnológicas locais, voltadas para o meio ambiente.
A PESQUISA DO PERS – Participe do Plano Estadual de Resíduos Sólidos, respondendo ao questionário clicando aqui.
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