PERS possibilitará aproveitar melhor os recicláveis e economizar na logística

PERS possibilitará aproveitar melhor os recicláveis e economizar na logística

O Mato Grosso de hoje já consegue ter uma visão diferenciada da destinação dos resíduos sólidos. Isso foi demonstrado na reunião do início de fevereiro (dia 11), quando a equipe do PERS apresentou à Sema o “status do projeto para o acompanhamento das ações realizadas visando à elaboração do PERS”. Desde o mês de agosto (2020), quando o plano foi lançado, a questão foi esmiuçada em 56 reuniões, 30 entrevistas e 13 webinars. A equipe do Plano de Resíduos Sólidos acumulou em seu trabalho o envio de 444 ofícios que resultaram na assinatura de 24 termos de adesão e na distribuição de 1.067 formulários de pesquisa para apurar a percepção social de destinação dos resíduos, além da divulgação permanente nas redes sociais, ferramentas também encaradas como atividade de mobilização social utilizando o site (https://persmt.setec.ufmt.br ), o canal do YouTube do Plano (https://www.youtube.com/channel/UClcPCPDuJgtyUIADbspb5IA) e o Instagram (https://www.instagram.com/persmt/?hl=pt-br ).

A compreensão do processo, nestes primeiros seis meses de execução dos trabalhos, veio acompanhada de ampla mobilização social. Logo no início, já na primeira webinar, participaram Sema, UFMT, AMM e Assembleia Legislativa.
As webinars se seguiram com atores diretamente envolvidos na apresentação de métodos de trabalhos, reivindicação de entidades de classe, associações e cooperativas de catadores, além do poder público e empresas ligadas à destinação dos resíduos. Isso possibilitou a elaboração de um panorama estadual envolvendo as tipologias da atividade com a destinação dos resíduos: urbano, agrossilvipastoril, da construção civil e demolições, industriais, do saneamento básico, dos serviços de transportes e da mineração.

Nas webinars, discutiu-se “O Novo Marco Regulatório na Gestão dos Serviços de Saneamento”, “As expectativas em relação ao PERS-MT”, “Logística Reversa”, “Economia Circular”, “Educação Ambiental”, “Pneus e Papelão”, “Óleo”, “Serviços de Saúde: Tratamento e Disposição Final”, “Experiências de valorização e tratamento dos resíduos urbanos”. “Elas foram uma opção que tivemos para trabalhar nesta época de pandemia”, explicou a professora Eliana Rondon, coordenadora técnica do PERS. “Graças a ela conseguimos reunir os problemas que envolvem a atividade, pudemos ouvir experts de Mato Grosso e de outros estados, entidades gestoras e em todas tivemos o cuidado de contar com a presença de associações de catadores, cooperativas e associações envolvidas na atividade”, concluiu.

A visão da equipe do PERS já gerou um panorama dos resíduos – classificada na definição da coordenadora técnica do Plano como “assustadora”. O coordenador-geral do Plano, professor Paulo Modesto Filho, apresentou não só a quantificação das principais tipologias (orgânicos, plásticos, papelão e rejeitos) mas também mostrou a valoração dos resíduos produzidos, cuja concepção deve ser alterada com o Plano. Se em 2020 tínhamos um potencial de 1,9% de recuperação dos resíduos, devemos chegar em 2040 a 14,7% de recuperação.

Na melhor das hipóteses, tomando como referência a atual situação de aproveitamento, é possível chegar a 2040 com uma receita com a destinação adequada próxima de R$ 20 milhões, além dos benefícios ambientais com a redução do chorume e gases poluidores nos lixões e aterros sanitários. O coordenador do PERS expôs em sua fala que na atual situação “estamos enterrando uma fortuna em recicláveis”.

Além de recuperar as perdas com os resíduos recicláveis, o plano também traz em sua proposta de implantação de aterros sanitários a regionalização para retirar, na origem, o reciclável e o material orgânico, para transportar apenas o resíduo cuja destinação é o aterro. “Temos como exemplo Sinop, que mandava seus resíduos para o aterro de Primaverinha (Sorriso), e tinha um custo estimado de R$ 2,5 milhões ao ano”, explicou Paulo Modesto Filho.

O PERS defende a implantação de aterros por meio de, no mínimo, 17 consórcios de municípios, nunca distante de 100 km da origem. Isso vai reduzir custos de transporte do material, significativamente. Outras vantagens apontadas no consorciamento envolvem investimentos menores, melhoria de operação e a implantação de melhor estrutura, uma vez que o aterro vai ganhar na escala de resíduos encaminhados para lá.

Dessa forma, os consórcios municipais, além de reduzir distâncias e envolver municípios próximos, barateia a destinação dos resíduos racionalmente. Este é um cenário que implica na retirada dos resíduos recicláveis e nos resíduos orgânicos, criando uma equação para definir como fazer esta retirada, gerando valor com recicláveis e com os putrescíveis, antes de mandar os resíduos para o aterro sanitário. Para os arranjos intermunicipais, a proposta parte das cinco regiões geográficas definidas pelo IBGE e a implantação de aterros em outras 18 regiões imediatas que possam receber o resíduo, já sem os recicláveis e o material orgânico putrescível para viabilizar a destinação regional a um custo bem menor do que acontece hoje.